Uma força quente faz-se abandonar
- sensação morna e de tão calma,
apavorantemente fria -
se torna fato : sou abrigo de mil palhaços.
Desvairados, debochados dançarinos;
os verá , se ver o brilho de meus olhos.
Eles me falam , em mim e por mim,
enquanto eu me deixo ir sem nada dizer.
Raro , se não se vê palhaços
estou então de joelhos.
Na maioria dos sóis.
Na maioria das luas..
Me ponho de pé para o espetáculo da vida.
Mas quando, não menos que de repente,
tropeço entre os palcos do coração , me arrasto.
Arrasto .
R a s t e j o .
Meus olhos pretos e pretos sem palhaços.
Meus joelhos vermelhos e vermelhos de sangue,
esfolados.
Um pressentimento: nada mudará,
ainda.
Iara Moura