terça-feira, 29 de junho de 2010

Saudade

Chega o silêncio 
tonto, manso, frio
deslizando 
em mãos, móveis, casacos.
A imagem 
opaca, clara, ardente
do retrato
remete,
em dois passos;
um pro ontem e outro pro lado,
a lembrança
grande, boa e risonha
do passado,
falado,
que como vapor
ralo, quente, molhado
se dissipa perante a realidade
pequena, lenta e fechada,
calada.
No sofá 
esverdeado, macio, fundo
me encolho
aperto, penso, escuto
o tal silêncio
de tão mudo 
gritar-me ao peito,
enlouquecendo, angustiando, trazendo
o sentir                              que fica
quando o amor            se vai .   
 
Iara Moura