Chega o silêncio
tonto, manso, frio
deslizando
em mãos, móveis, casacos.
A imagem
opaca, clara, ardente
do retrato
remete,
em dois passos;
um pro ontem e outro pro lado,
a lembrança
grande, boa e risonha
do passado,
falado,
que como vapor
ralo, quente, molhado
se dissipa perante a realidade
pequena, lenta e fechada,
calada.
No sofá
esverdeado, macio, fundo
me encolho
aperto, penso, escuto
o tal silêncio
de tão mudo
gritar-me ao peito,
enlouquecendo, angustiando, trazendo
o sentir que fica
quando o amor se vai .
Iara Moura